sábado, 9 de dezembro de 2017

Aprendendo a perder mais uma vez...

Eu sempre achei esse "lance de cabelo" um pouco "MIMIMI", eu pensava...aliás eu era louca para raspar a cabeça careca. Exatamente! CARECA!!! Aí pensava...essas mulheres choronas, cabelo cresce...
Aí o tempo passou...eu fiquei doente...e eu perdi muito, aprender a perder é a pior lição da vida, perdi vaidade, já até falei sobre isso, perdi meus sonhos mais secretos, sonhos profissionais, tudo que eu mais queria... Aprender abrir mão dos sonhos doe, viu? Como doeu! Mas eu aprendi e nunca reclamei! Nunca mesmo! Podem perguntar pra minha mãe.
Aí o tempo passou... a vaidade voltou, eu "reconquistei" algumas coisas...uma delas? A vaidade pelo cabelo... Ele ficou enorme, ruivo, fogo...lindo...tratado!
Acontece que a vida é uma caixinha de surpresas e a Stiff Person por ser uma síndrome ela vem com várias "outras manifestações" além das dores musculares... eu por exemplo apresento Tireoidite de Hashimoto, possuo anticorpos que atacam minha glândula tireoide e para isso preciso complementar minha dose hormonal com comprimidos pela manhã, a Hashimoto ataca bem o cabelo, deixa ele espigado, faz cair... Mas, Ok! Estava tudo controlado, não?
Então eu piorei da Stiff, e talvez tenha até outra autoimune por vir... e os stress, e o stress do stress e aí que o cabelo começou a se jogar da cabeça. Não a ponto de fazer buracos nem deixar falhas...cair no geral! Mas cair em um grau desesperador. Então eu fui até a dermatologista que me mandou tomar um suplemento vitamínico caro para cabelos e unhas e disse que eu tinha que parar de me estressar... tomei o complexo... nenhum resultado. Então cortei 5 centímetros de cabelo...isso nem doeu, e... Não adiantou em nada... Então cortei mais 10 centímetros de cabelo e como era de se esperar...o cabelo continua caindo..... E eu?? Chorando, chorando pois não ando conseguindo cuidar do cabelo como antes, chorando pois o ralo fica cheio de fios de cabelo...a escova fica cheia de fios.
Dias desses eu estava em consulta com o Dr Paulo e questionei, Dr.? Meu cabelo? Tá caindo!! É stress... ele respirou fundo e disse... É..... Mas também Vivi você tem uma doença autoimune...você tem "células" atacando seus cabelos...
Como viver depois disso? Ainda não sei.... Tô afim de cortar curtinho! Pra não cansar tanto ao cuidar do cabelo...Mas como aceitar mais essa derrota? Como lidar com o "povo" falando. Não sei! Não sei se vou cortar...  não sei se vou aguentar mais um pouco... Afinal...cabelo cresce e minha beleza nem vivacidade muito menos felicidade não vem dele, e tem outra, terça eu encontro com o Doutor e vou perguntar se o remédio "novo" pra dor tem me deixado tão deprimida pois eu não estou no meu normal... Cortando ou não é apenas mais uma etapa a ser vencida, chega de chorar todas as noites por cabelos caídos!!!






quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Cores verdadeiras escondidas...




E do nada eu me sinto engatinhando novamente. Às vezes a gente acredita que vai casar, que as coisas vão mudar, que a Stiff nunca mais vai doer. Mas não mudam... Eu ainda não sei o que eu e o Fê e minha mãe estamos tendo que aprender com tudo isso. O fato é...
Após 11 dias do meu casamento eu tinha uma eletroneuromiografia para ser feita, o Dr Paulo me recomendou ficar 2 ou 3 dias sem a mínima dose de medicamento que eu estava tomando a muito tempo. Eu fui teimosa e fiquei mais de 20 dias... No exame eu lavei a maca de tanto chorar, tive um espasmo na perna com as agulhas dentro. A dor e a tensão foi absurda. Saí de lá mudada... parecia que estava começando tudo novamente. O diagnóstico era o mesmo porém eu tive piora no quadro... A Stiff voltou com força total ou sei lá o que esteja acompanhando ela. Fazem 2 meses e pouco do dia do exame, os medicamentos mudaram, aumentaram.... Eu durmo o dia todo, sofro com mais dores ainda (eu achava que não podia piorar). Cai 2 vezes de lá pra cá. Não consigo mais andar no shopping, estou escrevendo isso pois acabei de voltar de um e descobri que não dá mais pra mim...
Não sei que Kriptonita colocaram na minha água. Só sei que está muito difícil... Bem mais difícil que no começo. Semana que vem eu volto a fazer ciclos de Imunoglobulina humana. Talvez o que torne isso tão difícil de engolir pra mim... É o fato de eu ter voltado pra trás... Voltei todas as "casas" no tabuleiro. É tão ruim aceitar a derrota! É tão ruim assumir mais do que nunca que eu preciso de ajuda.
Nesse último mês eu vi vários amigos indo a shows que eu gostaria de ir... Aí me peguei pensando se eu aguento o barulho, mesmo que eu fique em um lugar para deficientes.... Será que a Stiff ia me permitir isso? Ela não deixa nem eu ir ao shopping... Tô podre aqui pois andei 300 metros do carro para uma loja e depois para um restaurante.
Não me venham dizer que é inferno astral...
O que mais eu tenho que aprender? Perdi uma batalha mas não perdi a guerra... Quantas vezes me derrubarem eu levanto. Ainda que eu tenha que engolir o orgulho e pedir ajuda. Minhas "cores" verdadeiras estão escondidas...não levem a mal. Anda sendo muito difícil ser Viviane ultimamente.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Sobre dias nublados

Outro dia aí eu acordei inspirada, uma terça feira, e 5 horas da  manhã quando meu relógio despertou e me arrumei correndo para uma consulta médica. Saímos de casa ainda com o céu escuro e no caminho fui percebendo que o céu estava encoberto e garoava, nada anormal para a cidade de São Paulo. Durante alguns minutos eu fiquei pensando que em um momento distante da minha vida, a minha inocência ou ignorância me permitia acreditar que em dias nublados o sol estava ausente. Acontece que após uma viagem de avião eu sobrevoei a cidade de São Paulo com um sol lindo pela minha janela e quando o piloto avisou que iríamos iniciar a descida eu percebi que eu estava acima das nuvens e quando passamos por aquela camada linda de "algodão" me deparei, para minha surpresa, com outro dia nublado em São Paulo... Então eu descobri a máxima que podia não ser novidade para ninguém mas para mim era,  que por trás de dias nublados, sempre, mas sempre temos um sol brilhando.
E então até comecei a procurar uma faixa de luz, um "buraco" entre as nuvens para ver o sol entrar. Minha mãe sorriu e disse que naquela terça feira não teríamos sol, e então a moça no rádio anunciou que de tarde teríamos aberturas no tempo. E eu disse em tom sarcástico, Não falei? E ela mais sarcástica ainda respondeu, Ela disse de tarde muitooooo mais tarde, OK? Não agora. Eu fiquei quieta cantarolei a música que tocava na rádio e lembrei da história do avião e pensei comigo, o sol ainda está aqui. Não importa o que a moça do tempo diga ou meus olhos vejam. Eu acredito no sol que não vejo.
Fui pra consulta médica e todo meu pensamento era que dia nublado algum iria atrapalhar meu sol.
Foi ao sair da consulta que recebi uma notícia muito triste... Uma pessoa querida, do passado havia partido desse plano e deixado uma história linda, e me doeu um pouco pois ele havia deixado uma amiga minha que eu não tenho mais contato. E então o meu dia ficou "nublado" e apesar do sol que brilhava forte as 11 horas da manhã contrariando a previsão do tempo que avisou que teríamos sol somente de tarde, tudo ficou frio e sem sentido. E mais uma vez lutei com força pra não deixar o sol "sair" de mim foi então que percebi que as vezes é preciso se permitir "nublar"... Para então "chover" e ficar completamente limpo pra poder deixar o sol brilhar novamente.
Não colocarei nomes e muito menos saberei se algum dia essa amiga distante irá ler esse post. Também não farei força para que isso aconteça. Sabem o que eu vou fazer? Brilhar de longe por ela... Ela pode nunca mais me ver mas assim como o sol em dias nublados sempre estarei aqui na espera de um "buraco" entre as nuvens...

sexta-feira, 3 de março de 2017

Sobre joelhos ralados...

Quando se escolhe se expor como as vezes eu faço, tudo que eu compartilho é para conscientizar as pessoas sobre a Stiff Person Syndrome e Doença crônicas. Porém junto com isso vem uma pena a ser paga. Muitas pessoas começam a acreditar que estou me fazendo de vítima e apesar de eu dizer inúmeras vezes que essa não é minha intenção fica muito difícil provar o contrário.  Ainda que eu não me importe com o que os outros pensam e sim no que eu acredito e faço. Isso atinge as pessoas ao meu redor. Ontem minha tia disse que achava que eu não devia compartilhar foto de joelhos ralados ou coisas assim. Joelhos ralados acontecem com qualquer pessoa no mundo, uma foto de um joelho ralado não deveria gerar tanta comoção, talvez em uma pessoa com Stiff ou qualquer outra doença que dificulte a marcha/caminhar um joelho ralado seja mais frequente porém não mais importante que um simples joelho ralado de alguém jogando bola. A graça de saber viver com Stiff Person Syndrome é acordar com dor mas mesmo assim lutar. Eu não mereço nenhum troféu por ter mesmo com dor levantado e ir lavar uma louça, estou fazendo meu dever. Tentar!!! Para mim fracasso é ficar deitada na cama deixando a dor me consumir. É preciso viver...mesmo que doente!  Eu não me permito ter pensamentos deprimentes e nem fico lendo tais coisas pois não quero tomar isso para mim. Ainda que eu esteja aposentada e tenha consciência de que não posso trabalhar de forma alguma e dependa de muita gente para fazer muita coisa, coisas simples do cotidiano. Hoje, como milhares de dias da minha vida eu estou muito ruim mas faço uma força absurda para sorrir e seguir adiante, tiro leite de pedra, apesar de ser muito difícil eu tento, e como tento. Uma coisa a Stiff Person Syndrome não me tirou... a vontade de viver a vida. E joelhos ralados??? Ah... são só joelhos ralados!!!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Tudo que eu sempre falo sobre a Stiff Person Syndrome

Não sei se vocês me consideram repetitiva em meus relatos sobre viver com Stiff Person Syndrome, mas eu estava aqui de boa e pra variar... com dor. E pensei... Que "merda" é ter Stiff, logo em seguida me veio a mente... Não tem um dia que eu não sinto sinal de que ela não está aqui. Pode não parecer mas seja pela dor ou pela fadiga, definitivamente ter Stiff é uma coisa que não se esquece. Ela te lembra que está em você até quando você sobe um lance de escada escorada em um corrimão. Chega lá encima e você automaticamente pensa.... Eu tenho Stiff, minhas pernas dizem isso. Aí você deita pra descansar e sofre uma contratura muscular e tú lembra que a Stiff está em você.  Pode parecer cruel, e eu confesso que é cruel, é chato, cansativo, "duro" literalmente, a musculatura mostra isso, e dolorido. Mas é a única coisa que eu tenho para essa vida. Nada além disso... tomar remédios, sentir dor, respirar fundo e sorrir fingindo que não está acontecendo nada. Ter Stiff é definitivamente aprender a conviver com a coisa mais chata que alguém pode ter... dor, limitação. O que eu posso fazer a respeito disso??? Sorrir... As coisas parecem mais fáceis quando eu dou um sorriso pra vida com a esperança que ela vai me sorrir de volta. Força!!!