sábado, 12 de abril de 2014

Os bons morrem antes!

Foram 56 dias de indas e vindas ao hospital A.C.Camargo, poderiam ter sido mais, poderiam ter sido anos, eu sinceramente não me importaria. Lá aprendi muita coisa, todas as vezes em que o visitei não era só meu herói que me ensinava, eram os pacientes... jovens, idosos; Meu herói lutou quase 3 anos e esses últimos 56 dias só me mostrou o quanto sou pequena perante a ele. Pequena perante às milhares de pessoas que passam por lá. Nesses 56 dias ele recebeu mais visitas do que qualquer um outro paciente e cada visita que entrava só nos revelava as bondades que ele havia feito e nunca soubemos pois ele nunca foi uma pessoa de se vangloriar por suas boas ações.  Tudo isso porque ele tinha um coração enorme, maior do que ele, maior do que qualquer um que eu conheci. Ele definitivamente não merecia passar pelo que passou, mas nenhum paciente de lá merece. Por diversas vezes eu me perguntava no elevador porque aquelas pessoas estavam passando por aquilo. E me sentia pequena, de repente a Stiff Person passou a ser muito pequena, minha dor ficou pequena, eu já  não era mais importante.  Com todo sofrimento que eu via ali o meu era um simples detalhe. 
Mas o mais incrível nisso tudo é que meu herói passou todo esse tempo sem uma reclamação, sem se revoltar com Deus. Ele me ensinou a fazer amigos, me deu amigos e muito mais fez deles mais uma parte da minha família, me ensinou a ser leal, ser sincero, não ter medo do que os outros irão pensar, não guardar mágoas e não reclamar da vida.
E então no meio de todas as minhas perguntas percebi que elas estavam erradas. Nunca existiu um porque na vida dele, e sim um para que... para nos ensinar tudo que já disse de qualidade que ele tinha e foi um verdadeiro professor de lealdade, humildade e força.
Quero lembrar de cada mordida doída que ele dava na minha buchecha quando eu era pequena, todas as vezes que ele me melecava com chantilly do meu bolo de aniversário,  todas as vezes em que sequestrou meu "walkman" em troca de chocolates e danones, lembrar de todas as risadas que ele me fez dar. E ainda me faz quando eu vejo os vídeos dele.


"Acha que a morte para sempre nos separou? Mas em meu coração para sempre ficou."