É...está difícil de continuar. Está difícil de escrever, está difícil de arrumar motivos para seguir adiante. De repente a vida fica sem sentido, sem porque e me peguei mais perdida nas horas, nos dias, nos segundos. De repente aqueles 8 ou 10 minutos de apreensão mudou minha vida toda, eu me pego de cabeça pra baixo, sem sentir nem dor, porque a dor do coração é maior do que a dor da Stiff Person Syndrome. Mas o que ele gostaria que acontecesse depois??? O que seu olhar tanto queria me dizer nesses 56 dias de internação e silêncio que ele passou??? O que ele gostaria que eu fizesse???
Certamente não seria ficar parada como estou, sem escrever... Ou ter só essa vontade imensa de escrever somente sobre ele. Certamente ele me mandaria continuar o blog, arrumar força; Com certeza me tiraria de casa, me daria opinião do que escrever e talvez até me desse colo.
Não quero continuar decepcionando ele. Quero continuar o que eu comecei e de alguma forma fazer ele se sentir orgulhoso de mim... Não queria remar nesse barco sozinha... Mas aqui me encontro sem ele, e essa é a realidade que temos que enfrentar, o barco está vazio mas continua pesado e eu, minha mãe, minha tia, meu primo e minha avó somos obrigados a continuar a remar... Ainda que nos falte um pedaço do coração...
Então sobre o que escrever agora? Se antes estava difícil agora parece cada dia pior... Vou me apegar a cada sorriso dado e tirar forças do fundo...
E fazer o que eu mais aprendi a fazer... levantar depois de um belo tombo. Com graça, com charme e classe, e sorrindo. Pois é assim que tento ser... a cada sete tombos dados o importante é levantar na oitava vez.
A arte de rir, sacudir a poeira e seguir adiante. Arrumar motivos, arrumar forças...
Talvez por isso eu tenha caído feio na cerimônia para jogar as cinzas dele. Para me lembrar que tenho que me levantar... Quem sabe até o suspiro de um anjo me derrubou... para me fazer lembrar que tenho que levantar de alguma forma...Não importa como.
Postei uma foto do tombo outro dia desses no face e não foi para me fazer de vítima e sim para mostrar que esse foi mais um, o "dele" o pior, mas que mesmo assim eu tenho que continuar...
Do contrário não seria a Viviane que vocês conhecem, do contrário eu teria perdido minha essência e minha melhor qualidade a força de vontade de levantar...
Acho que por isso eu posso ser candidata a lista do Guinness Book, porque talvez eu seja a garota que mais levou tombos na vida, rolei ladeiras, escadas, quebrei dedo em festa do meu próprio aniversário dançando, caí saindo do cinema, caí no colo de um homem desconhecido no ônibus, nas calçadas, no banheiro onde cortei a testa na banheira (minha mãe desfez se da banheira assassina na semana seguinte), no quintal de casa inúmeras vezes, encima da Mel (minha Rottweiller, coitada, ainda lembro dos olhos arregalados dela); Mas se a gente for pensar pelo lado bom da coisa, que era o que ele faria, também entraria na lista do Guinness Book por ser a garota que mais levantou depois de tantos tombos.
Então isso não deve ser tão ruim, cabe a nós entendermos onde erramos, onde pisamos errado, levantar e não cair novamente...pelo menos não no mesmo degrau...